1921-1923 : proibição da prática Romeiros de São Miguel pelo governador civil Horácio de Medeiros Franco
Durante o governo de Horácio de Medeiros Franco (1921-1923), as romarias foram proibidas na ilha inteira. Este governador civil proibiu esta prática por motivos de “salubridade pública”. Parece que a ilha de São Miguel foi vítima da gripe espanhola e o risco de transmissão da doença deve ter sido a causa desta proibição. Mas, a causa desta proibição suscita algumas dúvidas. A pandemia propagou-se nos Açores desde 1918 sendo prolongada provavelmente até 1919. Apesar disso, dezasseis romarias foram autorizadas em 1919. Como explicar que em 1919 houve autorizações concedidas para a realização desta prática, durante ou logo após a epidemia da gripe espanhola, enquanto que de 1921 a 1923 elas foram proibidas por motivos de salubridade pública ?
Relativamente ao perído em questão (1921-1923), uma pesquisa foi feita nos jornais micaelenses e não foi encontrada nenhuma referência, informação ou artigo relatando a presença da gripe espanhola.
TAVARES, Padre João José. Nota Histórica Os Romeiros. A Crença, 21/03/1926, Ano XI, n° 493, Vila Franca do Campo, p. 3.
MELO, Manuel Inácio de. Percorrendo as Casas de Nossa senhora. Açoriano Oriental, 29/02/1964, Ano 129, Ponta Delgada, p. 4.
Relativamente a esta grave epidemia, salienta-se o trabalho feito pelos militares, informação dada por Rodrigo Álvares Pereira : “Em Outubro deste ano [1918], a ilha é assolada por uma terrível epidemia, sendo muito notável a acção das praças do Regimento de Infantaria n.º 26 que desempenharam, com muita dedicação, serviço nas enfermarias da Cruz Vermelha, hospitais e enfermarias extraordinárias que foram estabelecidas em diversos locais, para acudirem aos inúmeros doentes. Não se limitou o auxílio à cidade, pelo contrário, foram espalhadas praças pelas diversas freguesias com o fim de prestarem serviços nas enfermarias e substituírem os padeiros que adoeciam. […] Afirmo […] que se não fossem as praças desta unidade, a distinta classe médica da Ilha de S. Miguel não teria debelado com tanta rapidez o terrível flagelo, sendo devido aos esforços de uns e outros que a epidemia pôde ser declarada extinta a 29 de Dezembro, com excepção do concelho do Nordeste.” PEREIRA, Rodrigo Álvares. Esboço Histórico do Batalhão de Caçadores n.º 11 mais tarde Regimento de Caçadores n.º 11 e depois Regimento de Infantaria n.º 26. Ponta Delgada : Oficinas de Artes Gráficas, 1927. pp. 180-181.
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